Balada da louca que comia poesia
Ela era loura
e todos a chamavam assim
as vezes pintava a boca
de-encarnado-rosa-carmim
beijava a boca do vento
andava envolvida em lençóis
vagava por entre nuvens
aurora, campina, arrebol
era louca
e todos diziam assim
lá vai ela, lá vai ela
e ela olhava pra mim
às vezes tirava a roupa
e dançava como poucas
o último tango em Paris
era louca
e comia penas
sentia dor nas pernas
e corria com as emas
nas manhãs de sábado
ela voava e fazia
careta para toda gente
depois comia poesia
sentada no batente
era louca
e todos diziam assim
lá vai ela, lá vai ela
e ela sorria pra mim