REMINISCÊNCIAS VI
Ter belezas
Deixá-las partir
E continuar...
Velhos retratos
Passado apenas.
Congelado tempo
Instante distante
De um já foi.
Mal nenhum.
Almas antigas
De lugares novos
Insistentes no atrás
Mal comum.
Chão não é uma queda
Abaixo é uma vista para o alto
Levantar-se é um contemplar o movimento
Estático de quem vê o estável
Indiferente ao que vê o distante
E inalcançável
Estar abaixo é ver o todo
Ver da humildade
E ver por inteiro
Enquanto a contemplação
Possibilita o alcance
Após a plenitude da vida
Que se levanta para o alto.
Um cenário
Uma vida
A existência
O caminhar
Ir vivendo
É como um chão florido
Nada muda ao passar
Mas o longe se refaz
A partir de belezas efêmeras
Em abandonados chãos
Que limpamos sem apreciar.
Viver é apreciar o transitório
O que amanhã não será mais
Mas que foi o toque de encantamento
Que encantou uma alma peregrina.
Um tempo de névoas
Um tempo de sombridão
Necessária
Escondem silêncios
Escondem barulhos
Escondem sombras
Tempos enevoados
Em esquinas tantas
Em que caminhantes seguem
E se tornam invisíveis
Ante o passado...
O presente se constrói
Por trás do passado
E o invade
E o desafia
Mas não o sufoca.
O presente se eleva acima do passado
Mas o que passou permanece
Intacto como memória
Resistente como a história
Como janelas abertas ao novo
Num constante respirar de liberdade.
Pode o tempo transcorrer
Pode o tempo desgastar
Pode o tempo desvanecer.
Mas, ah o tempo...
Sempre deixa o encoberto aparecer
Só olhar no detalhe
Ver o passado presente
Mesmo envoltos em nuvens
E sombras
Que o tempo não pode apagar.