REMINISCÊNCIAS VI

Ter belezas

Deixá-las partir

E continuar...

Velhos retratos

Passado apenas.

Congelado tempo

Instante distante

De um já foi.

Mal nenhum.

Almas antigas

De lugares novos

Insistentes no atrás

Mal comum.

Chão não é uma queda

Abaixo é uma vista para o alto

Levantar-se é um contemplar o movimento

Estático de quem vê o estável

Indiferente ao que vê o distante

E inalcançável

Estar abaixo é ver o todo

Ver da humildade

E ver por inteiro

Enquanto a contemplação

Possibilita o alcance

Após a plenitude da vida

Que se levanta para o alto.

Um cenário

Uma vida

A existência

O caminhar

Ir vivendo

É como um chão florido

Nada muda ao passar

Mas o longe se refaz

A partir de belezas efêmeras

Em abandonados chãos

Que limpamos sem apreciar.

Viver é apreciar o transitório

O que amanhã não será mais

Mas que foi o toque de encantamento

Que encantou uma alma peregrina.

Um tempo de névoas

Um tempo de sombridão

Necessária

Escondem silêncios

Escondem barulhos

Escondem sombras

Tempos enevoados

Em esquinas tantas

Em que caminhantes seguem

E se tornam invisíveis

Ante o passado...

O presente se constrói

Por trás do passado

E o invade

E o desafia

Mas não o sufoca.

O presente se eleva acima do passado

Mas o que passou permanece

Intacto como memória

Resistente como a história

Como janelas abertas ao novo

Num constante respirar de liberdade.

Pode o tempo transcorrer

Pode o tempo desgastar

Pode o tempo desvanecer.

Mas, ah o tempo...

Sempre deixa o encoberto aparecer

Só olhar no detalhe

Ver o passado presente

Mesmo envoltos em nuvens

E sombras

Que o tempo não pode apagar.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 19/01/2017
Código do texto: T5886752
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.