O PÁSSARO 
 
Tirar-me todas as penas:
as brancas,
as negras  
e as cinzas.
Todas aquelas com pontas marcadas pelo rubro das mágoas.
 
Todas as penas que sobram nas asas e no peito.
Todas as penas quebradas,
inúteis, ou com algum sinal de defeito.
 
E voar.
 
Voar levando na carcaça a pele preparada
para aqueles fascinantes sonhos que dormem no espaço
e,
quem sabe,
queiram (um dia) em minhas asas brotar.

 
Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 18/01/2017
Reeditado em 13/04/2021
Código do texto: T5886058
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