ventos da madrugada

teclas confusas sobre tudo

devolvem poemas-espelhos

o que querem

o que precisam

o que for:

palavras homens fagulhas

reconhecem e negam o universo

tão longe

para crer no infinito

infinita a imaginação

sem coerência sem decência

tudo que se faz

é imutável esquecido perdido

lábios tão difíceis

caminhos de outra vida

influem no preço

no pescoço de alguém

no jogo

vale muito quase nada

antes do desenlace

hipnótico

o diagnóstico

sobre a febre da noite

o rio corre entre margens estreitas

vertente que desce do peito

não cansa nem desanda

demanda

uma toca para o resto dos dias

atiram para matar

os caminhos são de pedras

e o fôlego dá só pra chegada

para uma palavra – solitária

que sempre traz atrás de si

paz

os ventos mudam

a chuva da madrugada