Não falo do que se perde no olhar e nem do infinito azul que buscam os homens, mas de ti meu Céu, cujo nome simboliza o amor, harmoniza sensualidade e beleza, mesmo que não entendas o meu clamor, clamor de quem deseja, desejo que é tanto, tanto como devaneios que se misturam aos prantos, nos pesadelos sem pecado, sem punição, sem penitência, no silêncio proibido de sonhos, sonhos contidos, inibidos, intensamente vividos e vividos no medo de serem invadidos, pois nas manhãs, no desespero serão queimados e esquecidos, apagando-me o sonhar, levando-me ao delírio. Ó Céu, que traduz o nome de quem vive escondida na graciosidade dos setembros floridos, no secreto de tantas linhas, não, não sou eu tão cego neste mistério que tanto me cega, sou apenas um foragido, um criminoso sem culpa por mim mesmo perseguido, sou um peregrino à ermo buscando no infinito o segredo de palavras em resposta de mim mesmo. Ó amada, quão excelso e magnífica seria a tua presença, conhecedora do meu coração tão em ti presente. Emoldura-me agora com o véu da tua distância, da tua ausência, e acena-me e revela-me com toda tua inocência, quem vencerá tão terrível batalha? a insensibilidade de quem se ama? ou a paciência do amor contida em tamanha ausência? mas que por ti, no silêncio contido em versos, aos gritos por teu amor clama. Ó Céu, mais uma vez dá-me o teu véu como túnica encarnada, marcada com as marcas do passado e com a cor do meu sofrimento, peço-te, se possível for que eu não viva mais para suportar tamanha dor, tamanha perda de tão grande que foi o nosso quase, caso de amor.