ESCREVO
Escrevo versos, fragmentos de memória
restos de pensamentos, desconexos
no fim da noite à procura de coesão, leitores.
Não faço rimas, as várias lembranças
disformes, chegam em turbilhão.
Evito métricas, pois conto venturas infantis
agora lembradas, mais valorizadas
e na meninice tudo é livre, ágil
desprendido, como a vida deve ser.
Não há obstáculos para o pensamento.
Evito censurar recordações e, soltas,
seguem como cavalos xucros, touros selvagens
a ruminar fatos, detalhes no vasto campo d’alma.
Dizem que escrevo poesia.
Prefiro crer, simplesmente, que traduzo sentimentos
e imagens que, num lampejo, me agitam a mente,
colorem minha alma, me dão, enfim,
um sentido à vida.