Os últimos meses em três tempos

primeiro: a palavras não suportam o peso das coisas. Certas coisas não deviam ter nome, simplesmente porque um nome não descreve uma migalha dessa coisa. As palavras são poucas, fracas e me fogem. Deixo de escrever, algumas vezes, justamente por causa disso: quem sou eu para arriscar um poema sobre o amor? quem somos nós para arriscarmos escrever qualquer coisa sobre a vida e não justamente vivenciá-la?

segundo: a capacidade humana e a minha em geral é bem maior do que eu imaginava. Limitação é não perceber e não acreditar nisso. Acreditar que somos poucos e que temos de nos encher só de sonhos animalescos.

terceiro: Entre outras coisas, a tristeza é um bicho interessante. Rara de aparecer, ao menos pra mim. Quando aparece eu costumo afugentá-la com um samba ou jogar algum tipo de comida na calçada, assim se alimenta e se transforma noutra coisa. Funciona muito bem, nem arrisca invadir novamente meu terreno. Mas certas tristezas foram tão específicas que eu simplesmente me sentei e observei, ávida de curiosidade, como realmente fosse (e não é?) um espetáculo natural. Bagunçou meus pensamentos por uns dias e se foi, breve, serena.

Às vezes sinto que a vida é uma poesia tão grande que só queria sentar e ler, reler, reler, reler...