SANTA IGNORÂNCIA

Ontem à noite eu abri as cortinas

E me debrucei nas janelas do mundo

Calado observei muitos descalabros:

Roubos que se disfarçavam

Na fome e empobrecimento do povo

Enquanto uns poucos nababos

Gastavam inconsciências

Em festas por Paris e New York

E os descamisados

Com as caras mais lavadas

Aplaudiam pseudo-deuses

Que rezavam mantras:

“nada sei, nada sei”

Ouvindo o Bolero de Ravel

Entorpecidos pelo ópio da ignorância

Dentro das Bolsas todas as famílias

Encantados pela luxúria do primeiro mundo

Dizem que desde Cabral

Ouvi isto quando ainda era Garotinho

E não há quem se salve

Tudo sempre foi tão permissível

Que agora na hora de arrumar a casa retrucam:

“sempre foi assim!”...

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17.01.2017

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 17/01/2017
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