Mineirão e a Chuva
Deve haver um grande jogo
Na parte baixa da cidade,
Se toda chuva está indo assistir.
(A meninada que trabalha para a Prefeitura
Também quisera)
A chuva desce de todos os tipos de telhado,
Sem distinção, em espirais,
De qualquer jeito.
Cidade antiga,
Os sacis de uma perna só
- fantasiados de goteira –
Pulam das telhas portuguesas,
Caem nos passeios novos
E vão correndo
Em fila, em fila, em fila...
(os últimos assistirão de pé)
Os índios faziam sinais com espelhos,
Mas se esconderam,
Pra não apanhar resfriado.
E, no fundo do céu,
Arrastaram a mesa da Última Ceia.
(Pitangui, MG, 1967)