Manequim.
Nunca mais o bailar das letras,
O encanto da caneta,
Marcando o papel.
A força do ameno,
Procurando um veneno,
Que não se desfaz.
A soma perfeita,
Escrivaninha e cadeira,
Simetria real
No solo branco, arado,
Bem preparado,
Pronto para semente
Mais que brilhante,
O fruto reluzente.
Ponteiro que sempre acerta
Distante de sua meta,
Contrariando a sorte.
Uma ausência vazia
Preenchendo sozinha
A saudade e a solidão
Sem a sombra das letras, dos traços,
Dos acordos demarcados.
Sentimentos silenciados.
A privação sem fim,
A subtração da fantasia
Nas dores de um manequim.