A existência óbvia
Uma carne sem propósito,
amortecida já pela rotina...
Taciturno são seus movimentos,
imprecisos...
Malgrado sua relutância infeliz
Eu ouço, ainda que por um triz,
Uma voz sem pretensão...
Um gemido na vastidão!
Que me alcança, e me prende à toda volta!
É por ele que eu percebo a incapacidade,
a impotência
de querer ver e não poder,
não conseguir!
A sensação de olhar por entre as frechas,
a infertilidade das noites perdidas,
a inutilidade dos pensamentos amargos!
E tudo isso me revolta,
me mostra o propósito natimorto
de pensar, mesmo são (ou louco),
por sobre essa existência óbvia!