Escutas

A noite ilumina meus ouvidos

Entrego-me corpo à escuta

Primeiro a voz do silêncio

Lambendo a pele do escuro

Seguida da chuva, ensaio de voz

O vento diz da gestação

A escuta do coração materno

Para todo o sempre reinventada

Qual semente antes da florescência

Desde já repleto perfume

As palavras ficam descalças

Pisando a espera da chuva

Vestidas em seus avessos

Que caem todos sob os meus pés

Só para que eu as escute

Guardando a manhã seguinte

Úmidas e desfolhadas...