Diálogo de Badou com um amigo francês II
---Amigo francês---
À triste canção que me envias,
Desiludida e lamuriosa,
Respondo -- e não será em prosa!
Com as lembranças das alegrias.
Dizia-me há um instante: "Como tarda!
A Chegar-me a resposta do amigo distante.
Estariam as musas, de humor inconstante,
Há tanto tempo ausentes da terra lombarda?"
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---Badou Sarcass---
O trabalho dos dias consome o meu tempo.
O descanso querido cada dia é mais raro.
Se te nego uma linha, tens um pensamento.
Que assim não te esqueças do quanto me és caro.
Agora quem tarda é o amigo dileto
Que há dias e dias não me deixa um verso.
Estará, lascivo, em braços femininos imerso?
Ou desfruta o pecado em outro lugar incerto?
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---Amigo francês---
Se agora desfruto algum pobre pecado
É a velha preguiça, que tudo adormece,
E ao mais desvalido sempre se oferece.
Fosse antes lascivo seu ollho apagado.
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---Badou Sarcass---
Conheço mui bem esse vício atávico:
A doce preguiça, de braços dormentes,
Os homens condena a destino entrópico.
Precisas romper os grilhões indolentes
Que sempre te furtam maiores conquistas.
Levanta e vive paixões mais ardentes.
Em seios descansa, de belas senhoritas.
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