Cinco Horas da Manhã

Silêncio ajunta as malas

E vai procurar

As plagas que têm ainda

Cinco Horas da Manhã.

Aqui,

Doze mosquitos leem, em voz alta,

Trechos das Sagradas Escrituras.

Cortinas de plástico estudam

Balé russo.

Aqui,

Pela casa adentro,

Vento frio vem,

Passa as mãos nas pernas das cadeiras

E conta casos para as cortinas do Berioska.

Aqui,

Faz frio, é manhãzinha,

E minhas mandíbulas praticam

Telegrafia.

Lá fora,

O nevoeiro experimenta roupa nova

Nas casas coloniais,

Buzinas contam histórias

De pão, trigo e Rio Grande,

E sinos, casos de Sétimo-Dia.

(Belo Horizonte, MG, 1969)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 11/01/2017
Código do texto: T5878721
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.