Siriruias
Asas de siriruias
Formam um tapete cor de cinza
No ventre da capelinha azul,
Até que dê o vento
E as disperse.
(Se fossem mais duras,
Serviriam de palhetas de camisas
De colarinho mole).
São duras não.
São como os presentes baratos de Natal,
Feitos para chegarem ao Dia de Reis
E se estragarem...
São duras não.
Propositalmente leves – como os sonhos –
Para os ventos do dia a dia
Levarem pra longe
E botar num álbum de troféus.
(Belo Horizonte, MG/1969)