Superfície

superfície

eu quero a superfície

das coisas

do mundo

e de mim.

eu não aguento-me

debaixo

da minha superfície

insana e

questionadora.

duvidosa,

ruidosa eu

e o mundo

e debaixo: tudo chora.

debaixo da superfície

eu não encontro mais quase nada.

e, antagonicamente,

vivemos todos

na superficialidade

das coisas e momentos,

e pessoas.

- copos descartáveis com bebida barata.

superfície

eu quero a superfície.

ela não grita,

não chora e não tem cor.

é órfã

tanto quanto eu sou.

adaptável

na minha egoísta e simplista

superfície.

… debaixo da minha superfície há uma mulher que chora e sente medo.

sou um transeunte... na minha esquisita e colérica superfície.

Karla Mello

11 de Janeiro de 2017

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 11/01/2017
Reeditado em 11/01/2017
Código do texto: T5878339
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.