Incomoda-me
Incomoda-me
Incomoda-me muitas coisas nessa vida
Quando os caminhos não levam a lugar algum
Porque todos os lugares são semelhantes
Todos os caminhos são iguais
Todas as habitações iguais, circundadas pelo medo.
Todos os miseráveis são iguais!
Incomoda-me muitas coisas nessa vida
Cães que viram latas de lixo a procura de comida
Seres que chutam cães pelo prazer de chutar.
Como fazem aos miseráveis por sentir repulsa.
Reflexos do seu próprio espelho.
Incomoda-me os algozes que espreitam na escuridão
Os que de certa forma alimentam os podres de alma.
Os que vivem a dilapidar incautos.
Os que entregam sua sorte a proteção do Estado
Incomoda-me o Estado corrupto que não sabe a quem servir!
Incomoda-me a mentira a hipocrisia, heresia.
A mesa vazia, tarde fria, o céu uma falsa ilusão.
A falta de pão, o choro da criança.
Desesperança estampada nos olhos que dilacera a carne.
A falta de crença fé como alimento, ao relento pranto sob estrelas.
A palavra mal dita aos puros de coração.
Incomoda-me que o ouro substitua o caráter
Incomoda-me ser chamado de humano.
Se somos desumanos em nossos atos.
Incomoda-me ser refém de um modelo
Incomoda-me ser alguém.
Ver sentir, reviver tudo isso a cada dia.
Caminhar sem rumo ou esperança.
Incomoda-me muitos porquês nos olhares inocentes!
Amantino Silva 03/11/2012