Eu a perdi!
Eu a perdi!
Eu que a perdi.
Perdi meu chão minha razão maior.
Minha luz minha alegria.
Meu amanhecer cristalino dias de inocência.
Para os meus defeitos, amores insatisfeitos.
Para os meus medos, meus incólumes segredos.
Que ontem serviam para alguma coisa, hoje quem se importa?
Eu que a perdi.
Não hoje, não agora.
Não que tivesse deixado pegadas ao vento.
Não que tivesse deixado algum rastro na colina.
Uma rima num bar entre ébrios insanos.
Quando a embriaguez determina à sanidade de cada um.
Eu a perdi eu sei...
O tempo varreu a possibilidade esquecida em algum lugar.
Naquele lugar naquele dia, poltrona vazia.
Pois, perdido estava na aridez do coração.
Descompassos emoção.
Na falta de um gesto, num aceno da mão que não houve.
No querer incontido, beijo reprimido.
Um fugaz desejo simples enlaçar das mãos.
Eu a perdi eu sei...
Prevaleceu-se a razão.
Desprovido de todas as riquezas continuo meu caminhar.
Meu fardo será esse jeito insano de te amar.
Uma calça surrada, uma manhã chuvosa.
Uma estrada mal conservada.
Uma noite ao relento sob o céu sem estrelas.
Quem sabe um amanhã!
Quem sabe...
Os jardins hão de florir!
Amantino Silva 30/06/2016