Enquanto João Sono
Enquanto João Sono
Cava a própria cova,
Vai se alembrando,
Recordando de Dindinha,
A do presente
Que nunca vinha
No tempo de Dindinha,
As valsas e os realejos,
O pão de queijo,
A novela Jerônimo Herói do Sertão...
No tempo de Dindinha,
O melhor era ser rainha
E ser chofer de condução.
Condução era carroça.
Milho, cana, feijão na roça,
Era o tempo de Dindinha,
E João sono,
Cavando cova, começou na fonção.
Enquanto João Sono
Cava a própria cova
Vai se alembrando de Dindinha
E pensando no seu belo corpo,
Brotando das águas
Como feijão roxinho.
(Belo Horizonte, MG, 1971)