POEMA DE PRIMEIRO DE JANEIRO

Agora a massa de gafanhotos que esteve ativa nos últimos dias

dorme...

Nesta época tudo é muito estressante para eles

os supermercados abarrotam-se, as lojas se enchem,

a vida pulula numa sofreguidão sem sentido,

as mentiras sinceras são as coisas mais ditas

e eles consomem desenfreadamente por

nada...

Quer dizer, quase nada

É que o nada deles é diferente do meu nada,

o meu nada é só nada mesmo

o nada deles sempre tem alguma coisa

E agora

enquanto os fígados se regeneram,

os pratos com restos de comida exalam seu fedor,

os restos de bebida atraem outros insetos,

a bagunça na sala de estar não tem importância

e os peidos ecoam nos quartos fechados

eu faço um poema

Morpheus