A ESTRADA

(BR 290 ... o "vai e vem" de uma vida)

Mais retas do que curvas
por vezes sinuosas, dispersas,
que no rastro do sol reveza
com rios em paisagens diversas
como um laço estirado
é a linha do tempo, no tempo da vida.
Um traçado pontilhado
dividindo a ida e a volta
e o pensamento se solta
na verde pampa estendida

Levou em seus braços, o sonho guri
quando o laço do pago
rompeu-se na decisão de partir.
E o vai e vem encolheu distância
mesclando amores, com dissabores
da saudade do ultimo verão
enquanto a fuzarca e chimarrão
deixava o verde correr lá fora.
Corria o sol, corriam as horas
e os olhos na imensidão

No vai e vem desta estrada
viajei muito e juntos viajamos
carregando planos de mocito
trazia na volta, suspiros de despedida.
No inicio, um sonho solito.
Depois a dois, em seguida a tres,
quatro e cinco fechou a conta
pra ver o ano chegar na outra ponta
com sorriso lambuzado de pirulito
e um aceno no portão, tchau outra vez.

Passa o campo, passa o tempo
e na janela passa o vento
e neste vai e vem
a vida passou também
todos vieram e todos foram
não há fuzarcas agora
o verde ainda corre lá fora
lembrança é o pensamento que voa
aqui dentro um silencio ecoa
é o único que não vai embora

A estrada em que tenho viajado
para encontrar meu passado,
cada vez mais longa e deserta
é a fuga quando a saudade aperta
deixando dois mundos mais pertos
numa única rota de vindas e idas
a lamentar só o que há de mais certo:
"este trajeto de que fiz o meu caminho,
um dia vai me levar de volta sozinho
fechando o ciclo da vida.
Cesar Tomazzini
Enviado por Cesar Tomazzini em 09/01/2017
Reeditado em 03/11/2017
Código do texto: T5876874
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.