[O Outro]
"O fim está no começo e, no entanto, continua-se” - "Fim de Partida" - Beckett
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Não — o alvorecer de um dia nunca me intimida,
meus olhos anseiam pela claridade crescente;
o entardecer nunca me espanta,
mas apenas, numa reles troca de máscara,
põe o outro, aquele que vive oculto dentro de mim,
a espiar pela brecha do dia que aos poucos se fecha.
A noite chega, e arranco-me da casca grossa do dia,
o outro, um lobo estranho, porém sensivo, estará à solta...
Rompida a carapaça, pelos eriçados e garras à mostra,
ponho em fuga os temores: ouso ínvios caminhos...
Até quando?! Não sei, e o outro de mim também não;
o Fim, não nos concerne: nos deveniremos em Nada...
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[Vazio Desterro, 01 de novembro de 2007]
O poema... Por quê?! Como assim... por quê?
É um inferno perguntar "por quê"!
Todos sabemos: é tão óbvio e natural,
que "o vazio se divida em poemas",
quanto as águas correrem ladeira abaixo!