P R E C I O S I D A D ES (52)
VIDA OBSCURA
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
o mundo foi para ti negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágios deveres,
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu, que sempre te segui os passos,
sei que cruz infernal prendeu-te os braços,
e o teu suspiro como foi profundo.