PELO AVESSO
Por fora, eu só pareço.
Pelo avesso é que me conheço.
Sei de cor minhas entranhas,
mas há veredas estranhas.
Mil luzes iluminam minhas sendas;
sigo por elas sem medo.
Em completa sombra, fendas,
inexploradas são predileto brinquedo...
No avesso de mim há versos
submersos, alguns perversos...
Eu me construo por dentro,
perseverante, adentro universos.
Há sonhos inebriantes,
as visões são magníficas.
Há pesadelos constantes
e lutas muito daníficas.
Há amores escondidos,
para sempre ocultados.
Há ódios esquecidos
para sempre enterrados.
Há crença e esperança,
silêncio, escuridão.
Há querença e bonança,
liberdade e solidão.
Meu avesso preservo, defendo.
É o lugar preferido, onde me faço.
Ali me escondo e aprendo;
ali me prendo e me abraço.
No avesso me busco
me perco me encontro.
Por fora eu me rebusco,
me armo me apronto.
No avesso, eu sou.
No direito, estou.