Noite fria




Noite calma, aflige minha alma,
além das luzes, nada clareia o mar escuro,
olhos que não erram a direção,
perdem-se sem encontrar o destino.
Fitar o horizonte é desejo intenso

dum coração que não está,
bateu asas em busca do brilho da noite,

os meus sonhos estão em todas as luas.
A realidade modificou a melancolia,

que já não há!

Sem saudades daquilo que não vivi,
do abraço que eu não senti,
ainda me dói alguns espinhos
que uma distância infinda insiste em mostrar.
Existe amor, mas a minha alma
sabe o melhor dele, filtrar.
Agora vou, nesse íngreme caminho vazio
cada vez mais longe dos seus passos

que jamais irei encontrar.
Distante está, atravesso esse deserto,

a minha flor de cactos, sinto de perto,

é loucura somente, é a alma seguindo

imaginando que existe uma fonte

derramando as suas águas sem cessar,
olhos de desejos, contempla a sua imagem

para além dum horizonte, alma ausente.
 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 05/01/2017
Reeditado em 30/08/2023
Código do texto: T5872374
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