O CASARÃO
Vem de longe, do último quarto da calma,
Vem passo a passo no corredor do medo,
Contempla a sala, antigo abajur de cristal,
Houve dos portais o sussurro do segredo.
Alvenaria pintada de solidão e guardados,
Escadas abrigando cupins, ruídos de pés,
Toalhas em rendas e lustres entrelaçados,
Gavetas em cômodas incômodas do viver.
Teto de pé direito alto, de pé esquerdo frio,
Janelas miúdas para do mundo não se ver,
Um pomar perdido entre a margem do rio,
O galo mudo, a flor seca, o poste sem luz.
A varanda anda no pó do chão de folhas,
O portão de entrada há muito é de saídas,
O meu olhar se desfoca e sem escolhas,
Mira no céu, o palco de telas restauradas.
DADO CORRÊA