O nascer do anti-sol
Tão qualquer como qualquer outro
Nascia sem saber, o sentido do raiar do dia
Ou do anoitecer, era mais um na miséria seca
Um filho do flagelo e da resistência
Carregando consigo, sangue zulu
Sangue cariri, sangue tupi, filho da força
Compreendida pela dor, dos vales do além!
E por momentos em que crescia
Sua força o confundira, lhe fez sofrer
As respostas eram vazias, de Deus não queria saber
E na miséria de uma seca infinita, o chão lhe fazia arder
E a mente que impulsa a vida, nada tinha para vencer
A morte a cada dia, sentida, mais próxima de se ascender
E as preces eram ruídos de um inferno e seu padecer
Um lugar onde o heróis tinham que partir, em silêncio
Tinha a bodega, tinha a cachaça, a zona, se tivera dinheiro
Ou qualquer tipo de graça, tinha os refúgios da natureza
Longe da humanidade, sua verdade e sua tristeza
Vendo o horizonte, maior que o porvir, o medo, a dor e a dúvida
Maldito existir, vencer no mundo dos outros, afoitos por destruir
Assim que nasce um ser, alheio a qualquer descrever,
Que veio para desentender, matar e sobreviver, buscar sentido,
Sem lei, moral ou partido, da loucura se absorver
Seguiu ao mundo selvagem, de concreto e belas paisagens
Daqui para frente, o corpo se fez ausente, e a alma, desenfreada