Volta às trincheiras

Na vastidão da natureza convulsa

Estende incógnito sopro de poesia

Envolvendo a casa de campo

De madeira e emoções envelhecidas

Inundada toda a sua fachada

Com pétalas vermelhas adocicadas

E o tronco nu de madeira escura

Completam em tons de desolação

Uma melancólica cena de separação

À porta, a idosa senhora

Que o luto de suas vestes fulgura

Realçando suas marcadas feições

Das experiências de seu menino

Nas trincheiras e suas aflições

Ventos outonais exalam cravo e canela

Espalham saudade e sofreguidão

Cantam a melodia da partida

Pintam a cena do iminente destino

Das correntes de solidão

É a partida do soldado fardado

Em gestos de delicadeza e cortesia

Jura o seu sublime amor

À jovem e resignada senhora

Que lhe estende a mão e o coração

Sua bolsa transpassada

Leva o peso da promessa

E um coração de chumbo

Tomado pela incerteza

Carrega a bravura de heróis

Ah! Nobre e guerreiro soldado

Com capacete ao lado do corpo

O jovem combatente se despede

Avante ao levante rubro de 1917

Consigo esperanças vívidas

Do clarim derramando notas

Da aurora dourada da liberdade

À despontar no cerne do seu horizonte

A ordem de sua caótica estrada.

Larissa Moreira
Enviado por Larissa Moreira em 02/01/2017
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