POEMA PARA O TESOURO NO FUNDO DO MAR
em espiral
desce o baú a pique
nas águas salgadas, cada vez mais escuras
o futuro é um fundo de oceano
a espiral do tesouro
insiste em deixar rastro de cor
no caminho do abismo de azul profundo
quase negro
o navio segue
sem levar tesouro
só tripulantes confusos
com sua diária ração de razões
perfeitos em madeira dura
talhados pra ser
o conforto da nave é preciso
é preciso paciência
pra navegar nos calmos mares
com o infinito estoque
da necessária e nutritiva ração
todos sabem que no futuro
há escafandristas
treinados para buscar baús
no fundo do negro dos mares
– e disso o compositor já sabia
ao cantar “não se afobe não”
lá, no futuro,
no fundo do oceano,
todos os dias, peixinhos são atraídos
pela mágica espiral colorida
que, em luz, tenta, em vão, abrir do baú a tampa
forçando-a em sutil nuvem de luz
sereias choram pela luz
e ao lado dele, fazem suas orações.