já não é necessário justificar-me
já não é necessário justificar-me.
não é necessário explicar
minhas palavras,
meus atos,
minhas escolhas,
minha poesia.
já não é necessário justificar-me por ser
o que eu sou
por ser o que fizeram de mim,
por ser o que me foi possível.
não me deixo acumular mais
prantos e lamentos.
não me deixo acumular,
pois já não preciso justificar
a rejeição das superficialidades.
assim aprendi a não ajoelhar em vão e hoje
não me submeto à grandiosidade do tempo,
não me submeto aos confinamentos,
não me submeto a limitações e
por isso vou pagar caro,
por isso eu pago muito caro,
incontáveis pesos e amarguras,
incontáveis como as constelações,
mas nada que seja tão forte
ou imune à cura.
agora
como um felino de grande porte,
sigo em silêncio, sozinha, austera,
sento-me à beira de qualquer estrada e
aprendo a caçar em qualquer terra.