HÁBITO SALUTAR
HÁBITO SALUTAR
Tenho por hábito salutar,
acordar
bem cedinho pra sentir
o cheiro do orvalho
na manhã,
sendo levado pelo vento
que não se perde
em seu ir,
trazendo pra tarde
a saudade da manhã
anfitriã.
Há em minha alma
algum verso que quer
emergir,
pra gozar no ocaso
do sol na tarde,
a beleza da natureza sã;
quando o vento
já se apressa em ir pra
noite, no seu contínuo
fugir
como cúmplice do tempo,
deixando minha alma
contemplando
a luz do sol se pondo
por detrás da exótica
avelã.
Movida pela inspiração
abstraída,
minha alma conduz
os versos, dela emergidos,
povoando-os
de faíscas estreladas.
E o vento afoito, agora
balança as árvores
adormecidas
pela quietude da noite
silenciosa.
Enquanto o orvalho
que se renova nas plantas
anoitecidas,
nutre de seiva vegetal
os versos que se espalham
pelos recantos campestres.
Meu corpo físico
já pede um novo repouso.
E a plena noite,
como livre anfitriã, recebe
minha alma desencarcerada.
A inspiração
poética, por enquanto,
se recolhe na consciência
da alma desdobrada.
Para depois,
renascer vigorosa,
resultante
de edificantes sonhos astrais.
Escritor Adilson Fontoura
E-mail: aafontoura@hotmail.com.br