Sou onça pintada

Quando era ainda pequena

Meu pai comprou um sítio

Era Mata fechada, difícil de acreditar

Não tinha nem endereço,

Não tinha como lá chegar!...

Então! Abriu-se uma trilha na Mata

Dividindo espaço com a bicharada

É lá que construímos nosso lar...

Cresci com cobras e lagartos

Sapos, pererecas e com

as bicharadas do mato!

Pra encarar o perigo

e proteger a própria vida

Em onça pintada

tive que me transformar!

Já que não tinha outro jeito

Com a vida tive que me ajustar

Mas, aquilo tudo até que era divertido...

A gente não conhecia o perigo

Porque lá não tinha bandido

Drogas também não existia, Não!

E a gente era feliz

E corria com os pés no chão.

Com o passar do tempo

Uma casa fora erguida

Feita de pau a pique

As telhas de madeira

O chão de terra batida

E as paredes de ripa.

Quando a noite chegava

No quarto a gente se amontava

Pareceria ratos no ninho

O colchão era de palha

E o cobertor de algodão

Mas era o que se tinha

E quando chegava visitas

Como os bichos a gente se escondia

De tanta vergonha que tinha.

Mas, quando chegou a hora

Tivemos que ir para a escola

Aprender o beabá

Pra poder nos diferenciar

Dos bichos que tinha lá.

Quando a chuva do céu descia

Levava os chinelos na mão

E os pés na escola lavava...

Quando esfriava e a geada caía,

Casaco não se tinha...

Acho mesmo que, o que nos aquecia

Era o manto da Virgem Maria.

O tempo passou ligeiro

Tivemos que rebolar pra sobreviver!

E, hoje olho para o passado

E vejo o milagre da vida

De um jeito muito engraçado...

Mas, sinto que ainda Hoje,

Apesar de um pouco ter evoluído

O que sou mesmo, é bicho do Mato

Léo Lima

Leonice lima
Enviado por Leonice lima em 29/12/2016
Reeditado em 24/01/2017
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