2017
2017
Estamos todos aqui,
Brindando o ano novo?
A música da orquestra
Nesta sala de concertos
Distrai compenetrados.
E os desconsertados?
Guerras genocidas,
Fábricas de órfãos,
Falcatruas mandatárias
Da inflação de custos…
Estamos todos aqui?
E os petulantes, onde?
Com suas meretrizes,
Das pagas em dinheiro
Às pagas comodidades?
Onde os maculados
Por ataques maldados
Pelas fábricas de armas?
Onde os que silenciam
Pela mudez comprada?
Onde?
Onde os esquecidos
Desse mundo vasto?
Pelos fatos e boatos?
Pelos tratos e maltratos?
Os amputados, decepados
Pela desfaçatez de custos?
Pela escassez de alimentos?
Pelo encerro de hospitais?
Pelo abandono de escolas?
Pela desvalorização da ética?
A quem isso interessa?
Por Deus, a quem interessa,
Para ser assim disseminada
Entre refugiados e atirados
Às bombas, aos leões,
Às cercanias dos abalados?
Onde, Senhor, está servido
À dor dos desesperados:
Os endividados,
Os encarcerados,
Os “sanatorizados”
Os hospitalizados,
Os penitenciados,
Os abrigados,
Os albergados,
Os asilados,
Os exilados…
Descidos ao último degrau
Nesses gritos abafados
Onde pessoas gemem,
Choram, regurgitam,
Longe dos ouvidos,
Esquecidos nos aplausos
Aos dias advindos…
Estamos todos aqui?
E os desamparados?
Alguém me dê notícias,
Pelo amor de Deus,
Dos desamparados
Desesperados!
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva.
Incógnita (Portugal)
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