FAZER POESIA
Fazer poesia,
é como tentar lembrar-se de algum sonho,
após o despertar
confuso do corpo sonolento.
A alma, no entanto,
se recupera do que lhe foi tristonho,
e faz com que
o poeta componha de modo bem lento.
Mas o poeta é paciente,
e aguarda que a alma lhe conte o fato
estranho, que lhe motiva
qual sonho lhe inspira nesse momento.
E porque lhe espero,
a alma me agrada com semblante risonho,
dizendo-me baixinho,
num sussurro, o que me é apenas lírico invento.
Não me revele,
alma eterna, o que me desagrada saber.
Permita-me,
nesse instante, nutrir-me do meu devaneio.
Guia-me a inspiração
lenta, que me ajuda a compor com prazer.
Traz-me de algum sonho,
a gênese poética que me sirva de esteio.
Então, fazer poesia,
é como sentir na lentidão do tempo,
a luz da paz inspiradora.
É como sentir
o que a alma fez em sonho,
após o despertar
do corpo que a encarcera.
É como mergulhar
em si e entrever os versos emergindo
para a poesia.
É como perceber
que o fazer poético, depende
da vontade da alma,
fruto do influxo pensante inspirador.
Escritor Adilson Fontoura