NOS VERSOS DA MINHA IDADE.
Tô com cinquenta e três anos
Que a vida me deu por lastro
Porem os anos tiranos
Me levam aos cinquenta e quatro
Nasci no mês de janeiro
Que dos meses é o primeiro
Que o ano principia
Porem a data atrevida
Grafa no papel da vida
Que envelheço todo dia.
Os que tem a minha idade
Me entendem e reconhecem
Que nossa longevidade
São bravos que não perecem
A vida vem com a lança
Com escudo o homem avança
Com toda voracidade
Sem deixar que o pranto alague
Nem que a vida lhe esmague
Com o peso da idade.
Não recito a juventude
Pois ao moço não convém
Falo da nova atitude
Que a minha idade tem
A renuncia e a paciência
Me deram experiência
Com muito zelo e afinco
Portanto daqui pra frente
Estarei bem diferente
Ao chegar cinquenta e cinco.
Um dia eu fui semente
Que nessa terra nasceu
Enfrentei chuva e sol quente
Mas nada me abateu
Idade não me assombra
Eu já ofereço sombra
Aos novos por sua vez
Assim sigo andando
Ate guando for chegando
Os meus cinquenta e seis.
Não guardo mágoa ou rancor
Nem ódio no coração
Prefiro sorver o licor
Da bondade e do perdão
Quem tem a dádiva da vida
Tem do céu a guarida
E larga de ser afoito
Insulto não me compete
Quero esta aos cinquenta e sete
Pronto pra os cinquenta e oito.
Que importa se cabelos
Irão de escuros a brancos
Terei gosto em tê-los
Sem soberba ou arrancos
Não serei um sanguessuga
Guando rachar minha ruga
Isso já não me comove
Farei dela uma prova
Que a vida se renova
Mesmo aos cinquenta e nove.
Dai pra frente não sei
Mas tenho curiosidade
Eu já perdi já ganhei
No jogo da mocidade
Quero chegar com alegria
Escrevendo poesia
Perto da minha senhora
Que me ama e apascenta
Quero chegar aos sessenta
Melhor do que sou agora.