SILAS, MEU IRMÃO
Amoras maduras lá nas grimpa,
caderno, dever, caneta de tinta,
impossível viver nesse conflito:
-vamos subir na amoreira farta,
ondeando galhos, como barca?
Bola de borracha a tarde inteira,
incessante, animada brincadeira
de jogar futebol até sair briga...
você “se achando”, tal artilheiro,
eu, goleiro de gols no galinheiro.
As aulas mortas são o destaque,
nos regalos de circos e parques,
bancados pelas furtivas apostas,
de sorte rara no "jogo-do-bicho",
vista no poste, só em cochicho.
Bola nova ainda rola no campo,
parou o tempo, não há grampo,
falta a escola, só na caderneta,
- “bora”, melhor que galinheiro,
você, zagueiro, eu o artilheiro...
Quantos segredos da infância
repartidos, os pais, à distância,
reduzidos pelos olhares aflitos,
como ao descobrir o dinheiro,
“achado” embaixo do poleiro.
Num janeiro cessou a estrepolia.
O fusca verde foi com a alegria.
Seu melro triste, não canta mais...
-aguenta aí no céu, bem traquina,
estou indo, já passei da esquina...