SILAS, MEU IRMÃO

Amoras maduras lá nas grimpa,

caderno, dever, caneta de tinta,

impossível viver nesse conflito:

-vamos subir na amoreira farta,

ondeando galhos, como barca?

Bola de borracha a tarde inteira,

incessante, animada brincadeira

de jogar futebol até sair briga...

você “se achando”, tal artilheiro,

eu, goleiro de gols no galinheiro.

As aulas mortas são o destaque,

nos regalos de circos e parques,

bancados pelas furtivas apostas,

de sorte rara no "jogo-do-bicho",

vista no poste, só em cochicho.

Bola nova ainda rola no campo,

parou o tempo, não há grampo,

falta a escola, só na caderneta,

- “bora”, melhor que galinheiro,

você, zagueiro, eu o artilheiro...

Quantos segredos da infância

repartidos, os pais, à distância,

reduzidos pelos olhares aflitos,

como ao descobrir o dinheiro,

“achado” embaixo do poleiro.

Num janeiro cessou a estrepolia.

O fusca verde foi com a alegria.

Seu melro triste, não canta mais...

-aguenta aí no céu, bem traquina,

estou indo, já passei da esquina...

JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS
Enviado por JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS em 29/12/2016
Reeditado em 29/12/2016
Código do texto: T5866499
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