Edvard Munch.
Obra - O GRITO - 1893


Os mistérios transidos

Deixo suas mãos desfolhadas
E sigo solitária na rua escura em drama
No dia carente da pele sem brilho
Pelos seus olhos ao longo dos ramos
 
Existem poetas que já não cantam mais
Também pouco se escuta da vida
Que habita no caminho da pedra atirada
E cai no silêncio de um outro dia qualquer
 
Passa um desejo que rodeia seu vício
E segue no horizonte os amores despidos
E na razão profana vem o alarido íntimo
Que deixa o fio da vida deslumbrante
 
É letárgico o silêncio dos vultos ocultos
Pode o vento cantarolar ao lume dos céus
E assim se constrói a transparência
De um amor que vale quase nada aos olhos
 
A noite abraça tudo que lhe rasga o véu
E os dias de mistérios transidos em segredos
Nada se assemelha com a carícia feita
Que perpassa explicita e nunca sucede
 
Tudo anda parecido na lógica impossível
E na abertura do silêncio vejo em carne viva
Quanto custa uma lembrança no pretérito
O preço de um sonho confuso e marginal




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Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 28/12/2016
Reeditado em 16/09/2018
Código do texto: T5865665
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