A MOÇA
A moça se olha
diante do espelho e se abre
num riso por
ser vaidosa.
Imatura, sequer ouve
algum conselho
da mãe, que quer,
sobretudo,
que ela seja briosa.
Mas a moça,
só vê em si a beleza
física, e o que pode,
dela,
tirar proveito
em prol de sua vida fútil,
uma vez que,
ainda não lhe pesa
na alma,
a boa ação moral
provinda de elevado
conceito espiritual.
Na mocidade, usa
com leviandade
o seu corpo elegante,
para que o olhar másculo
lascivo possa desejá-lo.
Sai da casa. Vai à rua.
Olha de soslaio.
Move-se de um jeito
insinuante.
De súbito,
entra num beco deserto,
onde um moço,
que ela conhece, à espera;
e logo se precipita
para abraçá-lo.
Pobre moça, de alma
pobre. Só sabe vender
seu corpo libertino.
De dia, ela dorme.
De noite, ela trabalha.
Aventa o lucro incerto.
A moça bonita pensa
que é feliz, desfrutando
da vantagem advinda
dos prazeres mundanos.
Por enquanto,
a beleza física sustenta
a sua pobre vida.
Ela só não sabe
que a própria alma,
há muito tempo, carece
de beleza interior.
Escritor Adilson Fontoura