O poeta e o mar
O azul que navega em serenidade
No cair dessa tarde tão poética
Corpo d’água salgada imensidão
Ondas alisadas pela brisa oceânica
Tão pacífico que parece uma oração.
Um amor à deriva a vogar numa jangada
O farol da paixão apenas assiste
Veredas marítimas um caminho triste
Navegando estibordo sentimento e ilusão
Ambos na mesma embarcação.
O ângulo certo entre o mar e a lua
Revela a marina nesta noite tão nua
Vestida apenas de lua mostra os seios
O silêncio flutua nos meus devaneios
A negra voragem engole os saveiros.
Atlânticas colchas retalhos de maresia
Marina se alimenta de algas e espumas
Caravelas em segredos são as rosas do mar
A nau do destino enfrenta a densa bruma
Mas a estrela do sul sai brilhando a guiar.
No conselho do mar se ouve Poseidon
É hora de aportar numa enseada pequena
A noite serena céu estrelado é um dom
O poeta contempla o suave marulhar
E adormece no mar sob o cintilar neon.