Ausente
Quando escrevo abro uma ventana
Uma banda dá vista ao oriente
A outra é treva opala
A brisa que adentra sopra intimamente
É morna como a carne dos lábios
Desta mulher ausente.
Quando escrevo faço uma fenda no tempo
Através dela vejo o contentamento
A fenda se fecha e o tempo pára
O meu olhar estático e dormente
Busca a alegria no olhar
Desta mulher ausente.
Quando escrevo eu quebro o silêncio
Buscando os sussurros
Da poesia contida naquela voz
Hoje, linha melódica abstinente,
Antes um rima consonante
Desta mulher ausente.
Quando eu escrevo eu bordo um jardim
Num campo florido nitente
Que há em mim regando a flor
Com uma lágrima que rola silente
Recordando todo o amor
Desta mulher ausente.