Lenitivo de uma paixão

Desmanchei este escrito carregado de espanto,

Persegui docemente a lira em sua terna lucidez,

Alucinado, seduzido por uma iluminação talvez,

Buscava extrair da noite bucólica todo o encanto,

Como eu anseio tanto, te encontrar mais uma vez.

Como uma estrela cadente em seu brilho reluzente,

Tu foste entre tantas de tal fulgor cujo resplendor,

Irradiava ternamente os meus olhos cheios de dor,

Tal sentimento ardente quase que se queda jazente,

Enfermo pelo desejo que queima nas chamas do amor.

Se o destino atinasse para minha infausta desventura,

Ouvindo o meu murmúrio e toda esta densa penúria,

Despertar-lhe-ia compaixão ou talvez grandiosa fúria,

Talvez repleto de benignidade me trouxesse a cura,

Um cântaro transbordando de colírio, que luxúria!

Tudo isso para mostrar-me que indevido era meu pranto,

Que o bem que eu almejava era o mal que não convém.

A dor já não seja considerada, visto que agora é canto,

Um canto suave qual um voo pacífico para o além.

Fostes o bálsamo derramado extinguindo meu quebranto.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 25/12/2016
Código do texto: T5863095
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