Memória
Eu vi vidas puídas
Mendigarem pérolas
Na soleira dos templos
Eu vi a vida brotar
Da rua fétida
Eivada de concreto e saliva
Eu vi o ouro virar púrpurina
Para espanto dos alquimistas
Eu vi as professias de Orwell K Dick e Huxley
Se tronarem realidade
E vi o ódio copular com o medo
Sua prole se espalhando
Ceifando vidas
Eu vi as luzes se apagarem
De estrelas moribundas
Seu brilho vermelho
Tornar-se cristalino
Feito um destilado
Eu vi o sangue jorrando na terra
Fertilizando os campos
E apagando a memória
Eu vi guerras que se replicam
Como um déjà vu doentio
Eu vi as religiões se tornarem pastiche
E a ganância ascender aos céus
Envolta num manto com borlas
Eu inda hei de ver
O céu descer à terra
Enquanto a terra convulsa
Se transforma e se purifica
E a terra recomeçará do nada
E todo um mundo novo
Se fará