Vento, vento
Mudou as palavras
Mudou o mar de lugar
Mudou de olhar o olhar
Não houve pressa
Não houve prece
Não houve soluçar
A sua voz que não disse nada
Nada em mim é meu
Não sou eu neste lugar
Mudou as nuvens
Mudou as portas
Mudou as saídas
Não houve cortes
Não houve cicatrizes
Não houve penar
A sua mania de sair por ai
Sem rumo, sem suspiros
Sem piração, sem respirar
Depois diz que é o vento
Depois diz que é o tempo
Depois diz que é o veneno
Depois diz
Que as palavras estão tortas
Que o sorriso desapareceu
Que o céu é tão longe de nós
Nada em mim é meu
Nada em nós é nosso
É campo aberto, é isso
Um imenso isso
Depois diz que é o vento
Depois diz
Milton Oliveira
02.02.12