Vento, vento

Mudou as palavras

Mudou o mar de lugar

Mudou de olhar o olhar

Não houve pressa

Não houve prece

Não houve soluçar

A sua voz que não disse nada

Nada em mim é meu

Não sou eu neste lugar

Mudou as nuvens

Mudou as portas

Mudou as saídas

Não houve cortes

Não houve cicatrizes

Não houve penar

A sua mania de sair por ai

Sem rumo, sem suspiros

Sem piração, sem respirar

Depois diz que é o vento

Depois diz que é o tempo

Depois diz que é o veneno

Depois diz

Que as palavras estão tortas

Que o sorriso desapareceu

Que o céu é tão longe de nós

Nada em mim é meu

Nada em nós é nosso

É campo aberto, é isso

Um imenso isso

Depois diz que é o vento

Depois diz

Milton Oliveira

02.02.12

milton antonios
Enviado por milton antonios em 23/12/2016
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