REMINISCÊNCIAS V
A divindade está na pequenez
A simplicidade
Traz o transcendental
Que ultrapassa terra e céus
Que na humildade do pequeno
Guarda em si
Um tesouro incompreensível
Aos olhos dos passantes
Apressados e preocupados
Como o grande
Mas efêmero gigantismo
Imponente, apenas.
Águas que se gastam
E se purificam
E se renovam
E se reembelezam
E se refazem
Daquilo que lhe fere
Como humanos
Que se purificam em escuridões
De noites silentes
E retornam pelas manhãs.
Beleza e eternidade
Conspiram silêncios e orações
Inundam os céus
Azulados do dia
Ou contemplativos da noite.
Serenidade repousa
Nos templos humanos
Que se elevam ao alto
E conversam com o transcendente
Enquanto o tempo passa
Ao redor das calmarias
Ou das tormentas caladas.
Vida e morte convivem
Verdes e pedras
Ventos e céus.
A vida transcende o corpo
O corpo transcende matéria
Emoções são brisas
Que evocam bailados naturais
E que compõem corpos
Pedras e mortes
Numa plenitude da existência
De vindas, idas, permanências e continuidades.
Curvas e caores
Desenham artes
De amor e fé.
Curvas e cores
Escondem ou revelam
Basta diferenciado olhar
E o que se quer ver.
Belezas descortinando-se
Obstáculos que incompletam
Está no sentir
No vivenciar
E nos olhos de quem vê.
A singeleza completa o cenário
O belo está no olhar
No silêncio de uma janela
Numa flor que morre pouco depois de nascer.
A singela é uma esquina
Com caminhos vários a seguir
Ante as observações silentes
Ou as efemeridades que enfeitam o existir.
Viver é isso:
Dobrar esquinas