REMINISCÊNCIAS V

A divindade está na pequenez

A simplicidade

Traz o transcendental

Que ultrapassa terra e céus

Que na humildade do pequeno

Guarda em si

Um tesouro incompreensível

Aos olhos dos passantes

Apressados e preocupados

Como o grande

Mas efêmero gigantismo

Imponente, apenas.

Águas que se gastam

E se purificam

E se renovam

E se reembelezam

E se refazem

Daquilo que lhe fere

Como humanos

Que se purificam em escuridões

De noites silentes

E retornam pelas manhãs.

Beleza e eternidade

Conspiram silêncios e orações

Inundam os céus

Azulados do dia

Ou contemplativos da noite.

Serenidade repousa

Nos templos humanos

Que se elevam ao alto

E conversam com o transcendente

Enquanto o tempo passa

Ao redor das calmarias

Ou das tormentas caladas.

Vida e morte convivem

Verdes e pedras

Ventos e céus.

A vida transcende o corpo

O corpo transcende matéria

Emoções são brisas

Que evocam bailados naturais

E que compõem corpos

Pedras e mortes

Numa plenitude da existência

De vindas, idas, permanências e continuidades.

Curvas e caores

Desenham artes

De amor e fé.

Curvas e cores

Escondem ou revelam

Basta diferenciado olhar

E o que se quer ver.

Belezas descortinando-se

Obstáculos que incompletam

Está no sentir

No vivenciar

E nos olhos de quem vê.

A singeleza completa o cenário

O belo está no olhar

No silêncio de uma janela

Numa flor que morre pouco depois de nascer.

A singela é uma esquina

Com caminhos vários a seguir

Ante as observações silentes

Ou as efemeridades que enfeitam o existir.

Viver é isso:

Dobrar esquinas

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 20/12/2016
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