Do Vazio

Vem, vazio de mim! encha-me com o seu nada

porque, sufocada por tanto mato, assim,

a alma, nesse jardim onde está plantada,

é flor desalmada...é pétala de capim.

Vem encher-me no meio com seu total vazio

pois da água do rio que corre por esse veio

sinto que está cheio o coração-navio :

casco que se partiu em pedras de dor, eu creio!

Vem, nada, preencher (com seu vazio) o tudo!

que tudo precisa ser um ser esvaziado

para, então, encher (e nele não me iludo)

esse vago vagão, ao qual vago engatado :

trem da vaga razão que vaga pra qualquer lado

num divagar sem chão...devagar, cego e surdo.

Torre Três

19-12-2016

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 20/12/2016
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