Guerra

I

Não me sinto bem,

A cabeça dói, estou enfermo.

Tirem daqui toda a humanidade!

Preciso ficar só para não morrer.

Minhas mãos estão inchadas,

Tenho febre e uma ânsia de embriagar-me

E enlouqueço

Cortando os pulsos

Com uma lâmina fria.

II

Podemos crer que Deus é justo,

Que os átomos sentem

E que “impossível” é uma palavra vazia.

O vento não saberá de nós.

III

O pó pregado ao chão da velha casa.

A religião, que trazia vida a tudo.

A lembrança que é pesada demais.

Infância distante, acenando adeus.

IV

Ia pelo caminho o velho homem,

Odiava o futuro que teimava em existir.

A vida caminhava junto, invencível.

A morte esperava à frente, com olhos maternais.

V

Veneno de cobras.

Rasgos no tempo,

Nas botas sujas

Na lama

Da guerra.