NATAL DO DESCAPITALIZADO
E o Natal chegou com tudo normal, de modo pontual,
lares acordados, como sempre, numa ação não casual,
revendo-se o sutil sumiço da felicidade bem alardeada
– mídia ludibriosa, a grande mentira televisiva revelada!
Realidade odiada que nunca é plenamente mostrada;
apregoada vida ruim que assim é simplesmente tocada,
na queda do pano que envolve as famílias de cada ser,
de pessoas que se amam, que labutam apenas para ter...
um quadro material e surrealista, em ação mui curiosa,
qual a foto suja de uma sociedade carcomida, falaciosa,
cujo curso mascara seu problema conjuntural, desleal.
Vergonha do Papai Noel de saco vazio, pavor humano,
morte da crença em castigo melancólico de fim de ano,
que esta Nação não aceita, mas que a aniquila – é real!
Salvador, 2002.