Contágio
Minha vontade é a de atirar seixos no lago
e cada círculo concêntrico formar uma rima
retribuir a cada beijo teu em primoroso afago
com uns pecados a que depois eu me redima
Manusear umas pedras toscas vindas da grama
moldá-las de um jeito que tu mesma gostarias
transformá-las em colares de um digna dama
rabiscar por ti e para ti mil e quinhentas poesias
Beber do regato a água que banhou tua nudez
esfoliar-te a pele com minhas mãos em convexo
conservar a temperatura cálida, a mesma tepidez
ebulição conexa ao estupor do teu pulsante sexo
Ouvir-te sussurrar que és minha, meu lírio matinal
e me beijas a boca me viras em todo o meu reverso
e o teu hálito me recobre do frescor terno e auroral
contagiando de espasmos a vindima do meu verso