Contágio

Minha vontade é a de atirar seixos no lago

e cada círculo concêntrico formar uma rima

retribuir a cada beijo teu em primoroso afago

com uns pecados a que depois eu me redima

Manusear umas pedras toscas vindas da grama

moldá-las de um jeito que tu mesma gostarias

transformá-las em colares de um digna dama

rabiscar por ti e para ti mil e quinhentas poesias

Beber do regato a água que banhou tua nudez

esfoliar-te a pele com minhas mãos em convexo

conservar a temperatura cálida, a mesma tepidez

ebulição conexa ao estupor do teu pulsante sexo

Ouvir-te sussurrar que és minha, meu lírio matinal

e me beijas a boca me viras em todo o meu reverso

e o teu hálito me recobre do frescor terno e auroral

contagiando de espasmos a vindima do meu verso

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 19/12/2016
Código do texto: T5857957
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