Labirinto Agreste

Me fala sobre o tempo na tua aldeia

e da terra incrustada em tua pele

dos calos sitiados em tuas ásperas mãos

da mata que sob causticante sol incendeia

da fome que teu ventre embrutecido repele

das valas onde disseminaste os agônicos grãos

Traz-me as novas promessas das autoridades

do entusiasmo mórbido dos que te fazem a prole

das sequelas sofridas pelos bichos da tua criação

e me confidencia se ainda restam as serenidades

ante o bicho-cão que aos poucos devora e engole

a perseverança que abrigaste no imo do teu coração

Aprochega-te, apeia do teu esquálido Centauro

toma o banho renovador e expele o pó da tua alma

espreme os espinhos e te esquiva do labirinto crudelíssimo

sem saída e fácil retorno, meu velho lavrador Minotauro

da caatinga implacável que torna efervescente a tua calma

neste plano de dissabores e expiação às expensas do Altíssimo

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 19/12/2016
Código do texto: T5857953
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