Labirinto Agreste
Me fala sobre o tempo na tua aldeia
e da terra incrustada em tua pele
dos calos sitiados em tuas ásperas mãos
da mata que sob causticante sol incendeia
da fome que teu ventre embrutecido repele
das valas onde disseminaste os agônicos grãos
Traz-me as novas promessas das autoridades
do entusiasmo mórbido dos que te fazem a prole
das sequelas sofridas pelos bichos da tua criação
e me confidencia se ainda restam as serenidades
ante o bicho-cão que aos poucos devora e engole
a perseverança que abrigaste no imo do teu coração
Aprochega-te, apeia do teu esquálido Centauro
toma o banho renovador e expele o pó da tua alma
espreme os espinhos e te esquiva do labirinto crudelíssimo
sem saída e fácil retorno, meu velho lavrador Minotauro
da caatinga implacável que torna efervescente a tua calma
neste plano de dissabores e expiação às expensas do Altíssimo