O AMOR ENGANA-TE

Ao principiar da primavera

o mundo era nosso como a imprecisão e o distúrbio

o caos da doçura fazia do sangue adubo das flores

e nada de dor apenas o estímulo da morte

2

Pelas ruas bússolas e repolhos indicam o inferno

sem contudo haver conclusão

e mesmo assim nossos cavalos sofrem de medo pelos faróis

temos passado a noite dos séculos ignorando que a república é uma farsa

3

Não sabemos o que fazer com o amor e consumo

o grão-vizir proibe-te de dizer a magia

saberás a potência das flores? será? o que farás do sexo ante as feras da teoria?

Após o tumulto da aurora observo os lençóis revolvidos nos motéis da cidade

e concluo: essa noite houve trapaça

o amor engana-te pois ele pulsa no coito dos cavalos com as flores carnívoras

4

Vivamos além das fronteiras e das migrações

nenhum pacto nos dará o mundo e a vida

do que adianta a mulher ao carregar o manto do sonho?